Incansável Pensar

  O Tempo... Aquele que nos acompanha E nos avisa com força tamanha. Aquele que vai passando E, para trás, oportunidades vai soltando. Aquele do qual precisamos  E nem sempre nele pensamos. O Tempo... Acarinha-nos de uma forma Sem percebermos por norma. Movimenta-nos no espaço Afagando-nos com um abraço. Mas, de repente, nele, um som ecoa De um modo que nos atraiçoa E tanto nos magoa. O Tempo... Aquele que diz tudo, Mas sempre sem som, Sempre, sempre mudo!...

Precisei parar. Não desistir, Somente parar... Parar para pensar E renovar o ar pesado  Do pensamento. Parar para acreditar Que me desafio A cada momento. Parar para aceitar Que é no inimaginável Que se determina Cada acontecimento. Precisei parar Para poder voar  No meu inconsciente, Para perceber  Como seria eu  Se fosse mais ausente, Parar para ouvir O que o silêncio me transmite E o que o barulho me omite. Precisei parar Para sentir a música Que a natureza emite, E acolher a sensibilidade Que a mesma me permite... Precisei parar  Para poder continuar.

Gosto de tudo o que é bonito. Gosto de acordar E juntar mais uma peça ao puzzle. Gosto de um sorriso Que me renove a sensibilidade. Gosto de um olhar Cujo refletir seja profundo. Gosto de um abraço Só por acaso. Gosto de fatores Que me ponham à prova. Gosto da vivacidade Que a natureza me transmite. Gosto do bater das ondas Como que um acordar p´ra vida. Gosto de tudo o que é bonito. Gosto de me sentir Sempre igual ao que é diferente. Gosto de não olhar para baixo Mas de olhar ao mesmo nível. Gosto de pensar E aprender com o pensamento. Gosto da solidão Desde que não me sinta só. Gosto de cores Que me apaziguem a alma. Gosto de sensações Que me dêem equilíbrio. Gosto de tudo o que é bonito.

Chegou o momento! Momento de refletir Se quero estar onde estou. Momento de olhar em volta E perceber se alguém, Alguma vez, me confortou... Momento de questionar Se quero continuar a acreditar. E acreditar se vale a pena Distribuir tantos sorrisos, Porque, mesmo sem querer, Se soltam muitos avisos... Chegou o momento! Em momento de mudanças, Embora cheio de incertezas, Quero abraçar outras bonanças. Há momentos de desapego Onde só é preciso aconchego. Chegou o momento De querer novidades, De elar novas realidades, E de encarar todas as adversidades!...

O tempo que nos faz pensar... Aquele que vai passando Através de cada luar, Aquele que vai tirando A vontade de sonhar. O tempo que nos faz pensar... Aquele que nos dá tempo Para poder aproveitar, Aquele que nos vai tirando A vontade de caminhar. O tempo que nos faz questionar... Aquele que nos vai ensinado A gostar de amar, Aquele que nos põe à prova E que nos consegue desarmar. O tempo que nos dá E que também nos tira, O tempo que nos ampara E que ao mesmo tempo nos reprime. O tempo... o que será?...

Mãe biológica, Mãe de coração, Não interessa a definição. Interessa o amor, O desempenho, O companheirismo, O sentimento... Esse sim, deve ser perfeito! Mãe é a rainha De cada nascimento. É a incondicional entrega, A busca de sabedoria constante. O desbravar de uma floresta Que a põe à prova a cada instante. É a solução p'ra cada choro Mesmo que seja em coro... Mãe é um pequeno tesouro!

Na vida Impõem-se limites sociais Que não nos deixam ir mais além. No pensamento... Ah.... No pensamento!... Lá, Eu vou até onde quero ir, Até onde é suposto ir, Sem limites, sem traços contínuos, Os quais proíbem qualquer travessia Para além do imaginário... No pensamento eu voo, eu navego, Eu me envio p'ra outra dimensão... E daí... Daí eu retiro o melhor dessa viagem, E guardo-o p'ra que consiga viver Até aos limites socialmente impostos Por esta vida que vivemos.

E o sorriso?... Onde anda o sorriso? Escondido? Ansioso? Assustado? Ou apenas desencantado? Aquele sorriso Que vivia em cada rosto, Que conduzia a tristeza Num sentido oposto, Que aliviava cada sentimento Como que um ato ternurento... Sim... Onde anda o sorriso? Aquele sorriso Que sorria ao sol, Ao mar e a toda a natureza, Que tirava da obscuridade Todo o sentido da beleza... Ele, o sorriso, Um dia destes vai voltar. E vai voltar P'ra poder revigorar Todo aquele entristecer Que não veio p'ra ficar!...

Quatro paredes sem cor De tanto olhar para elas, Há os que choram e gritam dor Olhando apenas p´las janelas... Todos, de um modo igual, Somos levados p´lo desnorte Por uma pandemia global Atirando muita gente p´ra morte... Nesta fase conturbada Não há ricos, nem pobres, nem nada. Somos todos tratados De uma forma desarticulada... Depois... depois existe um recomeço, O qual deverá ser repensado, Pois se não aprendermos com apreço Então continuaremos desfasados.

Olhei-te nos olhos. Sem quereres, falaram comigo. Senti-te ausente, Mas percebi que essa ausência Não era mais do que um refúgio Para não proferires palavras. Senti que vagueavas Algures entre lugares mal posicionados. Estavas triste. Numa tristeza sem assunto, e Perdidamente entre momentos Não clarificados e pouco continuados. Mas eras tu... Tu que outrora sorrias Por tudo e por nada, Que sentias como ninguém O que era ser feliz. Que tinhas sede de dar, De transformar o mau no bom... Quando te olho nos olhos Revejo-me nessa amplitude de sentimentos, Revejo-me a recrear bons momentos... Os teus olhos, aí em frente dos meus, Não são mais que os meus Vistos num espelho que reflete A intensidade de um viver, De um sofrer, mas também de um reconhecer Que quando procuramos algo que nos preencha, Somos felizes... E felizes transformamos , Criamos e amamos!...

Naquele imenso mar De palavras por dizer, Olhando apenas nos olhos Sabemos o que queremos fazer. De tantas voltas ao pensar E tantas ideias por refletir, Queremos apenas sonhar P'ra que o sentir não possa fugir. Numa tarde ao pôr do sol Dizemos charadas ao ouvido, Vivemos minutos extasiados De tanto sentimento contido. Quando o mundo nos esquece Mesmo que seja por segundos, Empurrando, nos favorece, P'ra instantes mais profundos. De tudo isto ficará Muita ternura em memória P'ra que um dia possamos dizer Que vivemos momentos de glória!

Olhando a sombra me desafiei. Pergunto-me no que confiei, Uma vez que a sombra É, simplesmente, um traço negro De uma essência completa Para além daquilo que imaginei. A sombra vai oscilando Conforme se vai andando. Por vezes atrás, por vezes à frente, E sempre teimando Quer pare ou vá continuando. O certo é que a sombra Me vai avisando Que existem aqueles Cuja sombra desistiu De os ir aclamando. Porque a sombra acompanha Quem se empenha. Porque a sombra avisa Quem desvaloriza. Porque a sombra entende Que é de Humildade que se pretende.

Onde estás?... Tu que, outrora, me fizeste sorrir. Tu que querias animar a vida, Que abraçavas, que beijavas, Que acarinhavas quando o chão fugia... Onde estás?... Procuro agora, mas não te encontro. Procuro por mim, Num desencontro subtil de desapegos, Mas também não me encontro. Não encontro a chama que me aclamava, Não encontro nas ideias as conclusões, Não encontro nos sentimentos as paixões... Onde estás?... Poderias estar aqui, Mas não estás. Poderia eu ir até aí, Mas não vou Porque preciso saber onde estou.